Revista alentejo

» Ensino superior no alentejo: o desafio (1)
Verifica-se hoje, em toda a Europa, uma profunda mudança dos sistemas científico e de formação superior.
O conhecimento é, na actualidade, um factor insubstituível para o processo de crescimento humano e social e assume-se como a matéria-prima essencial para a construção da principal infra-estrutura axiológica, humana e técnica que habilite os cidadãos europeus a encarar, com sucesso, os desafios da época em que vivemos.
A reforma dos sistemas científico e de ensino superior portugueses inscreve-se em todo este contexto europeu e é um dos centros de gravidade da dinâmica de modernização e desenvolvimento de Portugal.
Esta reforma, em Portugal, está a ser exigente: exigente, porque mais rápida que a rapidez com que mudam as nossas mentalidades; exigente, porque necessariamente mais profunda que o conforto que sempre resulta das reformas levemente epidérmicas, que nada reformam; exigente, porque somos convidados a mudar com a bitola da reforma europeia, quando a nossa bitola de partida, sendo claramente heterogénea, implica uma menor capacidade de reacção rápida; exigente, porque esperámos demasiado tempo para iniciarmos a marcha reformista; exigente, porque ambiciosa, de sentido positivo e absolutamente necessária para a construção de um novo modelo de desenvolvimento económico e social.
Esta mudança é hoje encarada, pelas instituições científicas e de formação superior, como uma extraordinária oportunidade de modernização e, por isso mesmo é desejada, quebrando, dia após dia, as ancestrais inércias institucionais e pessoais e mobilizando, cada vez mais, as comunidades científica e académica portuguesas.
Pertencer à rede europeia de investigação científica e de ensino superior é assumir, definitivamente, que as instituições portuguesas adoptam as mesmas regras de funcionamento, financiamento e avaliação das suas congéneres europeias e promovem, com a máxima liberdade e igualdade de oportunidades, a mobilidade de estudantes, professores, investigadores e técnicos, contribuindo, dessa forma, para a construção de um espaço europeu de ciência e de formação.
Nas últimas três décadas, este é o segundo grande desafio com que as instituições de investigação científica e de ensino superior se confrontam.
O primeiro desafio, nas últimas três décadas do século passado, foi ganho: o desafio da democratização, da abertura, da expansão, da cobertura territorial, do contributo, qualificado e qualificante, para o desenvolvimento das pessoas, dos territórios e do país. São estas algumas das dimensões do contributo que as Universidades, os Institutos Politécnicos e as diferentes unidades de investigação científica deram, nos últimos trinta anos, em Portugal.
Como se encontraria Portugal, hoje, sem este contributo? Como se encontraria, hoje, o Alentejo, sem o contributo da Universidade de Évora e dos Institutos Politécnicos de Beja e de Portalegre?
O contributo científico e formativo para o desenvolvimento do país e das regiões e para a qualificação dos portugueses não foi, e não é, um exclusivo de apenas algumas instituições. Foi um contributo de todas as instituições, cada uma com a sua história, a sua circunstância territorial e humana e a sua dinâmica própria.
O Alentejo necessita, hoje, mais do que nunca, da totalidade das suas instituições científicas e de ensino superior. A rede científica e de formação superior existente no Alentejo é, sem qualquer dúvida, a mais importante infra-estrutura alentejana. Uma vez mais, a Universidade de Évora e os Institutos Politécnicos de Beja e Portalegre estão perante um grande desafio e, uma vez mais, o vencerão, dando o seu decisivo contributo para a construção europeia, a modernização e qualificação da região. É essa a sua missão, é essa a sua vontade e é isso que os alentejanos esperam e exigem.
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