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» A flor ou os ideais?

Participei, pela primeira vez como deputado, nas comemorações oficiais da revolução do 25 de Abril, que se realizaram na Assembleia da República. O cravo, flor simbólica daquele dia mágico, era o centro das atenções. O Presidente da República colocou a criança do cravo no centro do seu discurso e fez bem. Trinta e dois anos após a instauração da Democracia, mais importante que a presença ou ausência de uma flor simbólica na lapela de um casaco é averiguar da presença ou ausência dos ideais nas palavras, nas decisões e nos comportamentos dos responsáveis políticos e, principalmente, no quotidiano dos portugueses e das portuguesas.

Não é fácil, para ninguém, descrever, num pequeno texto, o sentimento que nos nasce quando avaliamos 48 anos de ditadura, uma revolução e mais 30 anos de democracia. Mesmo que tentássemos reduzir este exercício à utilização de palavras mais significativas, tal seria impraticável. Mesmo que essas palavras fossem classificadas, de acordo com o grande pedagogo brasileiro Paulo Freire, como palavras geradoras.

Palavras como Liberdade, Democracia, Justiça, Paz, Fraternidade e Igualdade têm essa capacidade mágica de alterar o curso do mundo, a história dos países, a vida das famílias e a existência das mulheres e dos homens, em qualquer parte do globo, seja qual for a sua cor, o seu credo, o seu ideal, a sua condição sócio-económica ou a sua circunstância existencial.

Liberdade, Democracia, Justiça, Paz, Fraternidade e Igualdade são palavras que nos geram sentimentos, nos fazem sonhar, nos aceleram o metabolismo, nos arrepiam a pele e nos fazem crescer a vontade de participar activamente nos processos de decisão que determinam a nossa vida. Liberdade, Democracia, Justiça, Paz, Fraternidade e Igualdade são palavras que nunca nos deixam quietos e sossegados. São palavras paradoxalmente fortes e frágeis. A sua fragilidade nasce exactamente da necessidade constante de lutarmos pela sua existência real, pela sua prática, pela sua vitalidade e pelo seu carácter genuíno. É, precisamente, esta aparente fragilidade, a sua maior força. Tornando-nos insatisfeitos e vigilantes, face à sua fragilidade, sentimo-nos, paradoxal e simultaneamente, activos e participantes e acreditamos que ser-se livre é, não só um direito que nos pode de certa forma acomodar, mas, essencialmente, um dever. O dever de decidirmos, a todo o momento, não alienarmos a Liberdade, que é, afinal de contas, o grande farol da vida de todas as mulheres e de todos os homens, de todos os tempos que já vieram e que hão-de vir.

Foi com base naquelas palavras geradoras que um grupo de militares - alguns dos quais estavam presentes na Assembleia da República - mudaram, em 25 de Abril de 1974, o rumo deste nosso país.

No dia 25 de Abril de 1974, aqueles militares cumpriram o seu ideal e entregaram aos políticos um país livre e disponível para, nele, se cumprirem os valores da Democracia e do Desenvolvimento. É essa a nossa principal responsabilidade, como deputados, representantes dos nossos concidadãos, na cada da Democracia.

Foi isto que senti, como deputado e como cidadão, no dia 25 de Abril de 2006, na Assembleia da República, onde representei os meus concidadãos do Distrito de Évora.

 

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