Diário do Sul

» WC Filtro…

…hoje, os WC's são autênticos espaços de matar o vício. Quem entra e não fuma, como é o meu caso, não pode deixar de notar na alteração do aroma.

O ambiente nas casas de banho públicas mudou radicalmente, nos últimos dias.

Não é que tivesse ocorrido uma requalificação dos espaços, por qualquer programa operacional de valorização das infra-estruturas de higiene colectiva; não terá sido pela mudança das antigas loiças da saudosa fábrica de Sacavém, pelas mais modernas e castelhanas peças da indústria de casas de banho, do lado de lá da fronteira; também não decorreu de uma maior preocupação higiénica dos seus utentes (a limpeza continua a não resistir à higiene dos portugueses); não foi, certamente, pela adopção da mais ocidental sanita, em detrimento da mais oriental retrete turca; não terá sido, naturalmente, pela introdução de qualquer taxa moderadora, que racionalize as tensões fisiológicas de cada cidadão.

O que se passou, é que o ar mudou, de facto. Entrar, hoje, numa casa de banho é entrar num espaço aromatizado com os mais intensos cheiros dos mais diferentes tabacos.

Na realidade, já estão longe os tempos em que os aromas dos WC's eram bem mais pesados. Hoje, é perfeitamente possível concretizar um alívio num ambiente perfumado pelo mais requintado charuto cubano, um almiscarado cachimbo, um simples cigarro de combate ou um eterno mata-ratos.

Esta foi uma das consequências da nova lei do tabaco: hoje, os WC's são autênticos espaços de matar o vício. Quem entra e não fuma, como é o meu caso, não pode deixar de notar na alteração do aroma.

Mas, entre o antigo e o actual aroma, também confesso que não tenho saudades nenhumas do antigo perfume dos WC's…

14/01/2008