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Ciência e paciência…
Paciência é o que não falta aos geólogos. De facto, ao escutar, atentamente, as explicações do Professor Rui Dias - Director do Centro Ciência Viva de Estremoz e investigador da Universidade de Évora -, no passado domingo, no Convento das Maltesas da cidade do Gadanha, acerca dos fenómenos geológicos e da lentidão com que os mesmos decorrem, entrei noutra dimensão do tempo: a dimensão em que tudo se passa à velocidade do crescimento das nossas unhas. O crescimento do Oceano Atlântico, a erosão do maciço de mármore de Estremoz, o crescimento das montanhas ou a sedimentação dos minerais, entre muitos outros exemplos, são fenómenos que ocorrem, à escala humana, de forma extremamente lenta. Tão devagar acontecem, que a nossa observação humana, apressada e pouco paciente, não consegue detectar a evolução que, todos os dias, ocorre em qualquer realidade. O Centro Ciência Viva de Estremoz é um óptimo exemplo de paciência: paciência para lutar por um trabalho de qualidade; paciência para fazer nascer, no Alentejo do interior, um projecto educativo de referência; paciência para procurar financiamentos; paciência para apostar na formação científica dos cidadãos; paciência para explicar a todos o que quase todos desconhecem; paciência para se ser Muito Bom. Sim, porque só se consegue ser Muito Bom, com duas coisas que a Natureza nos ensina, desde que, há 4600 milhões de anos, tudo parece ter começado: Paciência e Trabalho. Visite o Centro Ciência Viva e faça, com calma, uma bonita e bem acompanhada viagem pelo encanto das Ciências Naturais e deixe-se levar para o passado, através das explicações que lhe irão ser dadas. Verá que essa viagem ao passado nos ensina muito para a viagem que queremos fazer para o futuro. No seu quotidiano, tenha a mesma paciência que a Natureza tem, quando transforma um conjunto heterogéneo de minerais num bonito mármore de Estremoz. Só assim poderá desfrutar desta vida que, para os geólogos, não passa de um mero lapso de tempo. 10/12/2007 |



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