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100%
Não chegámos à Índia ou ao Brasil com homens e mulheres de 60%, certamente.
Um destes dias, conheci uma senhora que me proporcionou uma das mais simples e importantes aprendizagens da minha vida.
A pessoa em causa, operária fabril de profissão, estudante nas horas vagas, por vocação, e mãe em permanência e dedicação exclusiva de atenção e afectos, referiu, numa cerimónia oficial em que participou, o seguinte:
- Faço sempre o que tenho que fazer, com 100% de dedicação, 100% de concentração e 100% das minhas capacidades.
Esta frase, dita assim com a simplicidade e a frontalidade com que foi dita, entrou-me pelo corpo dentro e alojou-se na minha cabeça de forma fácil, poderosa e definitiva.
De facto, porque razão muitas vezes, nas mais diversas dimensões da nossa vida, nós nos ficamos pelos 60, 70 ou 80%? Porque razão não damos sempre o nosso máximo, se podemos e devemos fazê-lo?
Na nossa família, no nosso emprego, na nossa actividade cívica, com os nossos amigos, nos nossos projectos mais importantes, porque razão, tantas e tantas vezes, não nos empenhamos a 100%?
Pensemos, de facto, no que poderiam ser as nossas famílias, as instituições de que fazemos parte, as empresas em que trabalhamos ou o país em que vivemos, se cada um se dedicasse 100% a desempenhar, com brio, profissionalismo e empenho, as tarefas que tem que executar.
E, na verdade, se podemos ser muito bons no que fazemos, porque razão ficaremos satisfeitos pelo suficiente? Não será certamente pela genética ou pela história do povo lusitano: no passado, os portugueses só conseguiram fazer o que fizeram porque deram o litro. Não chegámos à Índia ou ao Brasil com homens e mulheres de 60%, certamente.
Portugal necessita hoje, de novo, dessa ambição dos 100%. O nosso país necessita de uma alavanca de ânimo e motivação que só pode nascer no interior de cada português. Para que isso seja possível, temos que ser todos como aquela nossa concidadã: 100% de vontade e capacidade em tudo o que fazemos.
05/02/2007 |